2012-01-23

FW: Economia na Holanda

“Desde que vivo na Holanda, terminou o pesadelo do regresso à escola”

30.09.2011 Helena xxxx, 42 anos, Groningen, Holanda



A propósito do desafio sobre os novos hábitos de poupança na abertura
do ano lectivo, resolvi partilhar a minha experiência uma vez que vivo
no norte da Holanda, onde tudo se passa de modo completamente
diferente.

Em primeiro lugar, os livros são gratuitos. São entregues a cada aluno
no início do ano lectivo, com um autocolante que atesta o estado do
livro. Pode ser novo ou já ter sido anteriormente usado por outros
alunos. No final do ano, os livros são devolvidos à escola e de novo
avaliados quanto ao seu estado. Se por qualquer razão foram entregues
em bom estado e devolvidos já muito mal tratados, o aluno poderá ter
de pagá-los, no todo ou em parte.

Todos os anos, os cadernos que não foram terminados voltam a ser
usados até ao fim. O contrário é, inclusivamente, muito mal visto. Os
alunos são estimulados a reusar os materiais. Nas disciplinas
tecnológicas e de artes, são fornecidos livros para desenho, de capa
dura, que deverão ser usados ao longo de todo o ciclo (cinco anos).

Obviamente que as lojas estão, a partir de Julho/Agosto, inundadas de
artigos apelativos mas nas escolas a política é a de poupar e
aproveitar ao máximo. Se por qualquer razão é necessário algum
material mais caro (calculadora, compasso, por exemplo), há um sistema
(dinamizado por pais e professores, ou alunos mais velhos) que permite
o empréstimo ou a doação, consoante a natureza do produto.

Ao longo do ano, os alunos têm de ler obrigatoriamente vários livros.
Nenhum é comprado porque a escola empresta ou simplesmente são
requisitados numa das bibliotecas da cidade, todas ligadas em rede
para facilitar as devoluções, por exemplo. Aliás, todas as crianças
vão à biblioteca, é um hábito muito valorizado.

A minha filha mais nova começou as suas aulas de ballet. Não nos
pediram nada, nenhum fato nem sapatos especiais. Mas como é
universalmente sabido, as meninas gostam do ballet porque é
cor-de-rosa e porque as roupas também contam. Então, as mães vão
passando os fatos e a minha filha recebeu hoje, naturalmente, o seu
maillot cor-de-rosa com tutu, e uns sapatinhos, tudo já usado. Quando
já não servir, é devolvido. E não estamos a falar de famílias
carenciadas, pelo contrário. É assim há muito tempo.

O meu filho mais velho começará a ter, na próxima semana, aulas de
guitarra. Se a coisa for levada mesmo a sério, poderemos alugar uma
guitarra ou facilmente comprar uma em segunda mão.

Este sistema faz toda a diferença porque, desde que vivo na Holanda,
terminou o pesadelo do início do ano. Tudo se passa com maior
tranquilidade, não há a febre do "regresso às aulas do Continente" e
os miúdos e os pais são muito menos pressionados. De facto, noto que
há uma grande diferença se compararmos o nosso país e a Holanda (ou
com outros países do Norte da Europa, onde tudo funciona de forma
idêntica). Usar ou comprar o que quer que seja em segunda mão é uma
atitude socialmente louvável, pelo que existem mil e uma opções. Não
só se aprende desde cedo a poupar e a reutilizar, como a focar as
atenções, sobretudo as dos mais pequenos, nas coisas realmente
importantes.

Regressar à escola é muito bom, para os miúdos, mas também para as famílias.

 

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